Luiz Poema.
Bom, se tem Luiz Melodia, tem Luiz Poema. Tem Luiz qualquer coisa.
O que importa dizer é que eu tenho coisas ditas escritas e quero que eleas sejam vistas.
Se não forem, tudo bem; também não tenho planos.
Mas é bom escrever e escrever alto.
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Eu quero fazer uma poesia sanguinolenta
Que verta sangue
Todas as bocas se uniram, lábio com lábio Queixo com queixo, num último e uníssono grito E ele ecoou, rebatendo nas montanhas dos dois hemisférios, Nos mares e levado pelos ventos... Ensurdecedor, todos o ouviram e naquele momento todos perceberam De onde ele saíra: do âmago das pessoas que habitam o mundo Mas a sua mensagem era indecifrável, embora clara Algo terminado em ssssssssss Seria talvez uma palavra em desuso, um gemido sem significação? Era, com certeza, um pedido Sem resposta, sem solução; as bocas se calaram todas E nada mais se ouviu e nem sei viu.
Numa bola de fogo você se foi Na estrada da fazenda Ainda me lembro bem: A luz da coisa matou um boi. No chão, ficaram as marcas das patas Aterrissadas Ouvi seus gritos As figuras caladas A levaram num facho de luz Eu corri, gritei seu nome meus braços abertos em cruz cheguei tarde, você havia subido com aqueles seres numa nave e num zunido era agora apenas um ponto de luz e eu fiquei aqui perdido gritando no escuro. Hoje, sentado na varanda, fico toda noite A te procurar Você se foi Num disco voador E naquela noite, eu sei, morreu um boi.
Vem, cão, volta de onde veio Vai, morde aquele seio Que o alimentou Praga suburbana Parido de uma mundana Que nunca lhe amou Lambuze-se de fezes e de lama E chama, sim clama Pois eu já vou E o seu suplício Será o início do que sobrou E você, meu infante Virá rastejante Onde eu não vou Beberemos à sua saúde Fiz o que pude Você nem ligou.
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