Vem, cão, volta de onde veio Vai, morde aquele seio Que o alimentou Praga suburbana Parido de uma mundana Que nunca lhe amou Lambuze-se de fezes e de lama E chama, sim clama Pois eu já vou E o seu suplício Será o início do que sobrou E você, meu infante Virá rastejante Onde eu não vou Beberemos à sua saúde Fiz o que pude Você nem ligou.
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Mostrando postagens de julho, 2010
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Noite O radar sintoniza o alvo O piloto solta a bomba Ela cai, silenciosa, calma e certeira No meio da escuridão. A nave retornou para casa O piloto, para sua família A bomba continua caindo Lá embaixo, todos dormindo Na base, todos sorrindo Alguém num quarto escuro Acorda sobressaltado Vê uma luz na janela Está tudo acabado.
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Numa bola de fogo você se foi Na estrada da fazenda Ainda me lembro bem: A luz da coisa matou um boi. No chão, ficaram as marcas das patas Aterrissadas Ouvi seus gritos As figuras caladas A levaram num facho de luz Eu corri, gritei seu nome meus braços abertos em cruz cheguei tarde, você havia subido com aqueles seres numa nave e num zunido era agora apenas um ponto de luz e eu fiquei aqui perdido gritando no escuro. Hoje, sentado na varanda, fico toda noite A te procurar Você se foi Num disco voador E naquela noite, eu sei, morreu um boi.
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Eram tantas pessoas pisando naquela flor Eram coisas estranhas Era raiva e era amor Caminhando num campo de flores Vivendo diversos amores Eram tantas pessoas... Nem o sol, nem a lua Nem a própria noite Presenciou tantos dissabores Assistiram a tantos horrores Num campo minado de flores Um canto qualquer do oriente Pessoas pisando em pessoas E flores sementes de amores Destruídas por naves à toa.
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Noite O radar sintoniza o alvo O piloto solta a bomba Ela cai, silenciosa, calma e certeira No meio da escuridão. A nave retornou para casa O piloto, para sua família A bomba continua caindo Lá embaixo, todos dormindo Na base, todos sorrindo Alguém num quarto escuro Acorda sobressaltado Vê uma luz na janela Está tudo acabado.
Nada mais se viu
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Todas as bocas se uniram, lábio com lábio Queixo com queixo, num último e uníssono grito E ele ecoou, rebatendo nas montanhas dos dois hemisférios, Nos mares e levado pelos ventos... Ensurdecedor, todos o ouviram e naquele momento todos perceberam De onde ele saíra: do âmago das pessoas que habitam o mundo Mas a sua mensagem era indecifrável, embora clara Algo terminado em ssssssssss Seria talvez uma palavra em desuso, um gemido sem significação? Era, com certeza, um pedido Sem resposta, sem solução; as bocas se calaram todas E nada mais se ouviu e nem sei viu.